segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Novo Artigo !!!

Hoje é dia de mais um depoimento e dessa vez, teremos o prazer de ler o lindo relato da minha irmã sobre o parto do Daniel. Aproveitem e boa leitura!



Relato do Parto do meu Daniel

Até começar a ler relatos de parto, o tal Parto Humanizado não passava de uma invenção de moda de super modelo que queria mídia. Realmente aquilo não era para mim, eu não teria condição psicológica nenhuma para esperar pela hora certa. A idéia de ter uma doula ao meu lado era totalmente ignorada. Para quê? Eu realmente achava que já sabia tudo, que já havia lido o que era relevante e que não precisava gastar meu tempo e meu dinheiro com isso. A dor nunca me assustou, pelo contrário, a idéia era ter um Parto Normal convencional. O que pegava mesmo era ter que esperar, não ter controle do tempo. Isso me dava medo e uma sensação de impotência que eu não desejava sentir na hora em que estivesse ganhando o meu filho.
Não sei se foi acaso ou providência divina, mas uma mensagem recebida de uma amiga (com quem eu não falava há muitos anos) me fez ver que eu também era capaz de parir meu menino em um parto humanizado, que a minha história também poderia ser linda como todas aquelas vividas nos relatos de parto que li. Abri meu coração e minha mente e imediatamente entrei em contato com a doula que me foi recomendada, a Tati. Ela me atendeu de prontidão e logo vimos que tínhamos um problemão pela frente: ou eu trocava de médico ou meu bebê seria “forçado” a nascer assim que estivesse a termo. O duro foi colocar na cabecinha da grávida de 33ª semana que era possível deixar o médico nessa altura da gestação! Até então eu achava que meu obstetra era Deus, que ia sim fazer meu parto da maneira como eu queria e que estava só esperando chegar a hora para falar mais do assunto comigo. Pobrezinha de mim...
Por indicação da Tati procurei o Dr. Paulo Ito. Quase não consegui ser atendida por ele, pois era fim de ano e ele não queria paciente nova (ainda mais gestante na reta final). Com muita insistência e com uma ajudinha da Tati ele me aceitou (eba)! Na primeira consulta levei o arsenal de exames que tinha feito durante a gravidez e sua primeira pergunta foi: Para que tudo isso? Você ou o bebê estão com algum problema de saúde? Alí eu vi que havia um certo exagero mesmo... Expliquei para ele que estávamos absolutamente saudáveis e que aquilo tudo era por indicação do meu obstetra. Ele nem deu bola, viu só o que era relevante. O que importava para ele era se eu e meu marido realmente queríamos um parto humanizado, se sabíamos o que esperar e se estávamos preparados para isso. Ele me levou para sala de exame, tocou minha barriga como ela nunca havia sido tocada, me colocou de cócoras para ver minha flexibilidade, examinou minha mama e falou comigo sobre amamentação, enfim... ali me senti pela primeira vez em uma consulta obstétrica!
Meus encontros com a Tati eram ótimos, eu ficava mais tranqüila, esclarecia milhares de dúvidas. O André se envolvia cada vez mais no assunto. Elaborei com ele meu Plano de Parto (dia inesquecível), compramos a bola de pilates para eu fazer exercícios, eu assistia TV de cócoras segurando na perna dele, enfim... estávamos totalmente envolvidos! O único problema foi continuarmos consultando com o antigo obstetra, mesmo estando super satisfeita com o acompanhamento do Paulo! Não sei se foi por medo, insegurança, inexperiência... hj eu sei que esse foi meu maior erro.
Quando eu estava com 38 semanas (ultima semana do ano) o antigo obstetra me intimou: disse que meu bebê já estava a termo, que estava alto e não encaixado, que havia tido redução do meu ILA entre as duas ultimas ultras (mesmo com o índice ainda dentro do tolerável), que minha placenta já estava Grau III desde a 30ª semana e que já era hora de “tomar decisões”. Na verdade ele se esqueceu de dar o sintoma que mais importava para ele: sua viagem de férias estava marcada para dalí cinco dias! Eu enlouqueci! Já não sabia mais o que pensar e o que fazer! O Paulo também já tava quase me mandando para Lua, pois toda vez eu chegava lá com um exame novo pedido pelo antigo obstetra. Fora todo mundo perguntando: E aí, quando nasce? Não vai passar de hora não? Eu tenho uma conhecida que perdeu o bebê por esperar parto normal! Se eu pudesse tinha matado meia dúzia! E olha que só os familiares bem próximos é que sabiam que queríamos tê-lo em um parto humanizado... Agüentamos firme e não fui na onda do antigo obstetra. Ele viajou e me deixou um substituto totalmente direcionado para a cesárea também. Quando me examinou repassou o diagnostico e ainda disse que eu tinha um tal de útero Bicorno, que não me permitia um parto normal! Aí chutei o balde mesmo, agradeci a ele e disse que ia aguardar meu parto normal acompanhada por um médico que atenderia minha vontade. Dalí em diante só fui no Paulo (até que enfim)!
Já estava entrando na 40ª semana e nenhum sinal de trabalho de parto! Eu me sentia super bem e ficava procurando meu tampão toda vez que ia fazer xixi! Os dias passavam, eu na casa da minha mãe (saí da fazenda onde moro com 37 semanas, por “recomendações” médicas) já não agüentava mais ficar longe do meu ninho e nem as dezenas de ligações diárias perguntando se o bebê tinha nascido!
No final da 40ª semana recebi uma noticia que me desestabilizou: o Paulo ia para um Congresso e só retornaria após as 41 semanas + 3 (limite que ele me deu para aguardarmos). Putz, e agora? Lá ia eu para outro médico! Era o sexto médico que eu ia consultar desde que fiquei grávida! Fazer o que, não dava para eu ir pro congresso com ele, né?! Ou eu entrava logo em trabalho de parto ou eu ia ganhar com outro médico que eu nunca tinha visto! E nada de expelir tampão, nada de contração (nem de treinamento), nada do bebê descer... Fui então para a Dra Sandra, recomendadíssima pelo Paulo. Um amor. Fizemos uma cardiotocografia, novo Doppler e constatamos que tudo continuava muitíssimo bem com meu bebê (o jeito era esperar mesmo)! Ela leu meu plano de parto, topou tudo e até me fez mudar de pediatra, para que o tão sonhado contato inicial com meu bebê acontecesse do jeitinho que eu queria!
Bebê pós-termo (odiei esse nome), fechando 41 semanas e nada de trabalho de parto. Novo exame, novo toque, mais um diagnóstico: ainda não havia dilatação, o útero ainda não havia virado, o bebê ainda não havia descido e agora eu ainda tinha uma bacia do tipo platipelóide (só 5% das mulheres tem esse tipo bacia – sortuda eu, não?!) o que “dificultaria” meu parto normal. Nesse meio tempo quem me liga? O antigo obstetra! Voltou de viagem, descobriu que eu não fiz a cesárea com o “amigo” dele e surtou! Eram 23h00 e ele metendo a boca, dizendo que eu era uma irresponsável, que isso ia dar processo médico contra ele, que onde já se viu passar das 40 semanas, que aguardar até 42 semanas já tinha sido riscado do manual ético médico, que uma médica havia perdido um bebê naqueles dias por esperar PN e daí por diante! Caí em prantos, mas não enquanto falava com ele! Pedi para que não falasse mais daquela forma e repeti que estava com outro médico e que ele não precisava se preocupar com processos contra ele. Na verdade deu vontade de processá-lo pelo telefonema infame que ele me fez... mas, tudo bem!
A Tati firme e forte comigo, me ligava sempre, fizemos massagem, nos encontrávamos quase que diariamente! Ela era minha doula, amiga, psicóloga, enfim, foi um anjo mesmo!
Na sexta-feira 21 de janeiro voltamos ao consultório, estávamos com 41 semanas+1. Novo exame, mesmo diagnóstico: nada ainda! A médica conversou bastante com a gente, disse que não estava mais segura em esperar, que precisaria de uma cardiotocografia a cada 24 hs e uma Doppler a cada 48hs (isso era uma sexta e nenhum dos exames estariam disponíveis no fim de semana) e então disse que seria prudente marcarmos a cesárea. Novamente caí em prantos, senti que tudo o que mais queria e esperava estava indo por água abaixo. Me senti roubada, frustrada, triste e incapaz. O Paulo não estava na cidade e não teria nenhum outro médico para me assistir que não fosse a Sandra. Ficamos mais de uma hora conversando, eu ela e o Andre, e ali vi que meu coração não suportava mais aquilo tudo. Uma confusão de sentimentos, um turbilhão de emoções, uma infinidade de opiniões e diagnósticos... Meu Deus, eu só queria acabar logo com aquela angústia, eu só queria ver o meu neném! Estava muito triste e desapontada por não ter meu parto como havia sonhado tanto, mas realmente não agüentaria nem mais um dia. Resolvemos então que o ganharíamos naquela noite e que não faríamos disso um drama. Aquele era o dia em que nosso filho iria nascer, o dia mais feliz e importante das nossas vidas!
Não parava de me perguntar: Estamos tomando a decisão certa? Esta é mesmo a melhor opção? Não seria melhor esperar mais um pouco ou induzir o parto? Não encontrei a resposta. Só sei que saí de lá um tanto aliviada e me lembrei de um fato que me chamou a atenção em quase todos os relatos de parto que li: meu primeiro bebê também viria de cesariana, mas por Deus que não iria desistir de ter meu PNH (Parto Normal Humanizado), seja no segundo ou terceiro filho! Decidi relaxar, fui comprar um jornal para guardar e mostrar para o Daniel quando ele for grande (pobrezinho, só tinha tragédia). Almocei, descansei e esperei pela tão sonhada hora de tê-lo nas mãos.
Fomos para o hospital as 17h00, só eu e o Andre. Não havíamos contado nada para ninguém, pois não queríamos correria, alarde, não queríamos dar explicações para ninguém. Aquele era o nosso momento e queríamos vive-lo a dois (ou a três, claro). Faltando uma hora para iniciar a cesárea avisamos nossos pais e irmãos (somente eles). Foi ótimo ouvir a surpresa e a alegria em suas vozes! Todos saíram correndo para o hospital e só os vi depois que saí da sala de cirurgia, como eu realmente queria.
Subimos para o quarto quase sem acreditar que dali a algumas horas seriam três naquele lugar. Quanta emoção! Coloquei o CD “Vida de bebê” e ficamos ali ouvindo as musicas lindas que nos acompanharam durante a gestação: ‘É a hora esperada, vamos nos conhecer! Vou olhar em sua alma e amar-te ainda mais! Agora quero ver você nascer, agora somos eu e você!’
Hora de descer. Coloquei a camisola tremula, não tinha idéia do que esperar, pois, só estudei sobre parto normal e humanizado durante a gravidez. A cesárea nunca tinha sido uma opção considerada, nem dávamos bola para o assunto! Sejam quais forem os reais motivos, tudo me levou a ela: desnecessária ou não, ela era a minha realidade e lá fui eu! Chegamos ao centro cirúrgico, o Andre sempre comigo (meu ponto de equilíbrio, meu porto seguro) e logo fomos recebidos por uma simpática instrumentadora, que me colocou o soro, a bendita da sonda e me tranqüilizou, dizendo que dali a uns minutinhos a médica chegaria. Logo veio a enfermeira do BCU coletar sangue (aquilo doeu mais do que cesárea) e a Tati, toda de indumentária médica, para me ajudar a garantir que, mesmo sendo uma cirurgia, seria da forma mais humana e tranqüila possível.
Todos na sala, hora de decidir pela anestesia. Longa conversa com o anestesista e vamos de raqui mesmo. Agora é só esperar uns minutinhos: conversa animada e prazerosa, o clima é o melhor possível, parece que todos estão realmente felizes por estarem ali. De repente o anestesista me fala que em minutinhos o bebê irá sair. A instrumentadora chamou o papai para ficar de frente com a barriga, a doula lembrou a todos que queríamos o pano abaixado para que eu pudesse ver o momento exato do nascimento, a médica pediu para apagar o foco para a luz não assustar o bebê... pronto, nasceu! Meu Deus, quanta alegria! Lá veio ele para mim! Sem aspiração, sem banho, sem roupinha, sem nada! E como era lindo, tão pequenininho! Como dizia na música, olhei em sua alma e o amor extrapolou o possível! Era meu filho que estava ali, era o meu sonho que estava se realizando! Eu estava sem a parte de cima da camisola, com a mama a mostra, esperando pela minha cria. Dei um cheiro, um beijo, afaguei seu rosto com o meu rosto e o pediatra então o colocou no peito. Pele com pele, alma com alma. Ele ficou ali por contados 20 minutos, tentando mamar, tentando entender o que estava acontecendo. Apgar 9/10, chegou a hora de subir e esperar a mamãe no quarto. O papai o conduziu em seu primeiro passeio, sendo que a primeira parada foi na sala de espera, onde todos esperavam para ver o meu novo Ser. 
Enquanto isso eu chorava na sala de cirurgia, emocionada, grata a Deus pelo parto tranqüilo e pelo filho maravilhoso e saudável que eu tinha acabado de parir.  

Thatyanne S. Costa Ribeiro, engenheira civil e mãe do Daniel de 01 ano e 01 mês.

2 comentários:

  1. Irmã, obrigada por me dar a oportunidade de dividir a historia mais linda da minha vida com voce e com as pessoas especiais que visitam o blog do Ateliê. Até hoje me emociono muito quando me lembro do dia do nascimento do Daniel e ter registrado os detalhes em forma de relato me faz viver passo a passo as dores e delicias vividas neste periodo de Estado de Graça. Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Que lindo artigo minha Filha! Nós que participamos com vocês deste momento sabemos o quanto foi especial a chegada do nosso Alecrim Dourado. Amamos vcs!

    ResponderExcluir